Exp. Inéd. Investi. Impac. da Variaç. do Ocea. na Atmosfera
Olá leitor!
Segue abaixo uma nota postada hoje (09/10) no site do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) destacando que experimento inédito do instituto investigará impacto da
variação do Oceano na Atmosfera.
Duda Falcão
Experimento Inédito Investigará
Impacto
da Variação do Oceano na Atmosfera
Terça-feira, 09 de Outubro de 2012
A bordo do Navio Polar Almirante Maximiano, equipe do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) realiza nos meses de outubro e
novembro o experimento INTERCONF, para avaliar os impactos na atmosfera das
mudanças da temperatura da superfície da água do mar. A missão, que se estende
do continente sul-americano até a Antártica, será importante para estudos da
região denominada Confluência Brasil-Malvinas.
“Nesta região ocorre o encontro da corrente quente do
Brasil com a corrente fria das Malvinas, provocando instabilidades atmosféricas
de caráter sinótico e impactos no balanço climático do sistema acoplado
oceano-atmosfera”, diz Luciano Ponzi Pezzi, pesquisador do INPE. “Essa
variabilidade causa efeitos em escalas de espaço de até 500 quilômetros e de
tempo de até três meses (mesoescala oceânica).”
A atmosfera reage de maneira diferente acima de águas
quentes ou frias. Essa variação de temperatura causa impactos nos fluxos de
calor, momentum e de gases, especialmente
o CO2, entre a atmosfera e o oceano, determinando a estabilidade nos
níveis mais baixos da atmosfera acima do mar (camada limite atmosférica).
“Quando a parte mais baixa da atmosfera é mais fria, e
portanto mais pesada que a parte mais alta, a atmosfera é estável. Caso
contrário, a atmosfera fica instável. Sob águas mais frias temos então
atmosfera estável, com ventos fracos na superfície do mar e fluxos de calor
menos intensos do oceano para a atmosfera. Acaso exista a passagem de frentes
atmosféricas ou ciclones na região, isso tudo pode mudar, podendo fazer a
previsão do tempo falhar”, explica Ronald Buss de Souza, chefe do Projeto
Antártico do INPE.
Durante o experimento INTERCONF, serão lançadas
radiossondas atmosféricas e sondas oceânicas do tipo batitermógrafos
descartáveis, além da coleta de dados convencionais realizados pela estação
meteorológica do navio. Os dados permitirão determinar os chamados gradientes
termais horizontais da temperatura da água do mar sobre a atmosfera em escala
sinótica. As radiossondas tomarão medidas até 20 quilômetros de altura,
enquanto os batitermógrafos registrarão atemperatura da água em profundidades que
alcançam dois quilômetros.
O encontro das águas quentes e frias produz a formação de
vórtices oceânicos, que são os equivalentes marinhos dos ciclones atmosféricos.
Atualmente, encontra-se na área de estudo um sistema de vórtices chamado de
“dipolo”, onde existe um acoplamento de um vórtice de núcleo quente (que gira
anticiclonicamente ou no sentido anti-horário no hemisfério sul) e um vórtice
de núcleo frio (que gira ciclonicamente ou no sentido horário no hemisfério
sul). Esse sistema tem uma característica dinâmica singular e seu impacto na
atmosfera nunca foi anteriormente investigado. Somados, os vórtices quente e
frio presentes nesse dipolo podem chegar a um diâmetro de quase 400 quilômetros.
O sistema dipolo tem probabilidade de durar mais tempo no
mar do que um sistema de vórtice único. Consequentemente, o impacto para a
atmosfera é maior, causando mudanças em padrões de estabilidade, fluxos de
calor e gás, quantidade de umidade, intensidade de ventos, entre outros
parâmetros. São instabilidades dificilmente previsíveis através dos modelos de
previsão do tempo existentes hoje no mundo.
Os dados coletados durante o INTERCONF poderão auxiliar
no aprimoramento dos modelos de previsão. O pesquisador do INPE comenta que
oceanógrafos e meteorologistas do mundo todo estão interessados nos estudos da
variabilidade do oceano e seus impactos na atmosfera na região da Confluência
Brasil-Malvinas. "Esse tipo de sistema com dois vórtices é raramente descrito
na literatura mundial. Pela dificuldade desses sistemas se formarem e pela
falta de navios de qualquer país na região e época de sua existência, durante
essa missão científica podemos nos tornar os primeiros observadores in situ desses sistemas nessa
região do mundo”, conclui Ronald Buss.
Outro Experimento
O experimento INTERCONF será realizado entre os dias 12
de outubro e 30 de novembro. Após a coleta de dados para os estudos sobre a
Confluência Brasil-Malvinas, a equipe do INPE seguirá a bordo do Navio Polar
Almirante Maximiano até a ilha Deception, na Antártica, para realizar outro
experimento científico, este relacionado ao projeto INTERCEPTION (Interações
Oceano-Atmosfera-Zona Costeira em Micro Escala na Ilha Deception, Antártica).
O próprio navio, botes e um helicóptero da Marinha do
Brasil serão usados durante as atividades do INTERCEPTION, além de instalados
dois acampamentos simultâneos para realização de experimentos de meteorologia e
oceanografia geológica na praia da Baía Foster, na Ilha Deception. Durante a
expedição à Antártica, os pesquisadores também passarão por Ushuaia (a cidade
mais Austral do mundo), na Argentina, e Punta Arenas, no Chile.
Fonte:
Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Comentários
Postar um comentário