Sem Ter 'Céu Próprio', Observatório Nacional se Reinventa
Olá leitor!
Segue uma matéria
postada hoje (07/10) no site do jornal “Folha de São Paulo” destacando que sem
ter ‘Céu Próprio’, o Observatório Nacional (ON), que é o primeiro do país se
reinventa.
Duda Falcão
Ciência
Sem Ter 'Céu
Próprio', Primeiro
Observatório do País se Reinventa
GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
07/10/2012 – 05h00
Solitária, uma
imponente luneta de seis metros de altura aponta para o céu, protegida por uma
das poucas áreas verdes do bairro industrial de São Cristóvão. É um dos sinais
da presença do mais antigo observatório astronômico do hemisfério Sul ainda na
ativa.
Pouca gente sabe
que ali, entre o estádio do Vasco da Gama e a feira de tradições nordestinas, é
definida a hora oficial do Brasil. Prestes a completar 185 anos, o ON
(Observatório Nacional), fundado por d. Pedro 1º, precisou se reinventar para
continuar relevante para a ciência.
"Tem de ter
criatividade e jogo de cintura", explica Sérgio Fontes, diretor do
Observatório Nacional, reconhecendo que, muitas vezes, as limitações de verba e
de flexibilização das atividades podem ser um empecilho para a competitividade
do ON.
Sem os
gigantescos telescópios de observatórios europeus e americanos e ladeado por
forte poluição luminosa, o observatório teve de "terceirizar" suas observações
ou buscar outras saídas.
Hoje, o ON é um
dos líderes em astronomia solar. O Girasol (Grupo de Instrumentação e
Referência em Astronomia Solar) construiu no campus um inovador telescópio para
observação do Sol.
Divulgação
Luneta do
Observatório Nacional, que completa 185 anos
E, se não pode
vencê-los, o observatório se juntou a grandes projetos internacionais, como o
DES (Dark Energy Survey), que construiu as mais potentes câmeras do mundo para
tentar desvendar a energia escura, um dos misteriosos componentes do Cosmos.
O ON também tem
um projeto de monitoramento de asteroides e cometas potencialmente perigosos
para a Terra. As observações são feitas em um telescópio em Pernambuco, e os
dados são enviados para análise no Rio.
Mas as
atividades relacionadas à geofísica e ao petróleo foram as que mais cresceram
nos últimos anos, impulsionadas pela injeção de recursos da Petrobras, que, por
lei, precisou reinvestir parte dos lucros em pesquisa.
Protegidos em um
abrigo no subsolo da sede do observatório, ficam os relógios atômicos,
responsáveis por definir a hora oficial do país. Enquanto um bom relógio de
quartzo perde 30 segundos de precisão por ano, um desses leva mais de 1 milhão
de anos para atrasar 1 segundo.
NA MÉDIA
Atualmente, são
12 relógios desse tipo. Grosso modo, é pela média deles que se chega à hora
oficial. Nove estão na sede e três em outros lugares, por segurança.
Algumas empresas
e serviços, especialmente os do setor financeiro, precisam saber com precisão a
hora das operações. E é aí que o ON entra, oferecendo um serviço de
certificação da hora certa.
A receita ainda
é pequena, diz a administração, mas já foi o suficiente para a instituição
gerar dinheiro pela primeira vez na história.
Já o outrora
popular "disque hora certa" hoje quase não recebe ligações.
"Quando começa ou acaba o horário de verão tem algum aumento, mas a maioria
já confere tudo no site", diz Fontes.
Fonte: Site do Jornal
Folha de São Paulo - 07/10/2012
Parabéns para o pessoal que coordena e trabalha nesse laboratório. Realmente conseguiram chegar longe com as condições que enfrentaram.
ResponderExcluirO Brasil teve dois imperadores excelentes.
ResponderExcluirOs Pedro, colocaram o Brasil à frente de muitas outras nações em vários aspectos. O Brasil estava sempre entre os primeiros países a adotar novas tecnologias (selo postal, telefone, ferrovias, observatórios astronômicos são apenas uns poucos exemplos).
Depois, como um dos nossos ministros disse um dia, "os idiotas perderam a vergonha", e agora chegamos a esta situação em que se protegem "comunidades" de uma base de lançamento de foguetes sem nunca terem protegido o céu do ON.
Talvez, alguém, algum dia, pense em desmontar tudo lá e transferir para um local SEGURO, com céu menos poluído (talvez na serra Carioca), a salvar esse patrimônio nacional, permitindo que além de observar o Sol ele volte a observar o Céu, que é (ou deveria ser) a sua função primordial.
Que absurdo!!!
Pensando bem, realocar o ON hoje em dia, nem seja tão importante, mas as escolas TODAS, deveriam ter programas de visita regulares não só ao ON, como ao PLANETÁRIO e outros centros de ciência.
ResponderExcluirRealocar esse equipamento não surtiria o efeito desejado, pois ela é uma instalação com valor histórico, não mais técnico. Esse conjunto de 1921 já sofreu até uma restauração, que foi motivo de muito orgulho, e tem uma boa documentação na internet sobre isso.
Então é melhor que fique numa região mais central do Rio mesmo, e foi excelente a idéia de transformá-lo num observatório Solar. Talvez coubesse agora, mais incentivos para que ele venha a se tornar referência nessa área, pois afinal, quem já trabalhou em São Cristóvão, como eu, sabe que lá tem "um Sol pra cada um" he he he.
Mas o Rio merecia um outro Observatório bem equipado numa região adequada (a região serrana tão assolada por desgraças causadas por mais descaso dos "governos" nos últimos tempos seria uma boa candidata, quem sabe) para que os nossos astrônomos pudessem voltar a observar o Céu.
Vamos acompanhar!