Falta de Pessoal: Contratações São Primordiais

Olá leitor!

Segue abaixo o editorial do “Jornal do SindCT” de abril de 2013, jornal esse editado pelo “Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de C&T (SindCT)” que destaca nesta edição o grave perigo de extinção que estão vivendo os órgãos e institutos de pesquisa brasileiros do Setor Aeroespacial, devido às décadas de ausência de políticas gerenciais de continuidade da atividade.

Duda Falcão

Editorial

Falta de Pessoal: Contratações São Primordiais

Jornal do SindCT
Abril de 2013

Os órgãos e institutos de pesquisa brasileiros estão em grave perigo de extinção, devido às décadas de ausência de políticas gerenciais de continuidade da atividade. O DCTA tinha, em 1987, 3427 servidores e o INPE 1807, reduzidos, em 2012, a 1709 e a 1041, respectivamente.

O DCTA será reduzido a 890 servidores em 2020 e o INPE terá mais da metade dos servidores em condições de aposentar até 2017; precisaria ter o dobro do efetivo para poder conduzir sua missão à contento.

Não bastassem os problemas técnicos que com o CBERS, o INPE enfrenta ataque de “fogo amigo”: MCTI o acusa de prestigiar atividades de pós-graduação em detrimento das de engenharia – míope visão de quem não conhece a instituição e nem seu programa de formação.

A precarização já nos alcançou, estão criadas as prerrogativas para a privatização pelas OS, em nome da “governança”. É preciso lançar incontinente um CBERS estropiado e carcomido por traça cibernética, mesmo que isto ponha em risco a reputação de um instituto de mais de meio século? E o VLS terá a mesma verba orçamentária do ano passado, os insuficientes quinze milhões.

Enquanto isso, a ACS promete lançamento do Cyclone IV de terras tupiniquins para 2014. O Brasil segue “perdido no espaço”, pois temos o mais atrasado programa espacial entre os BRICS, resultado de um arcabouço legal ambíguo, restritivo e atrasado, e de décadas de falta de vontade do governo.

Se houvesse uma política de estado para o Programa Espacial Brasileiro, a produção das soluções dos desafios tecnológicos transbordaria trabalho em profusão para as indústrias; haveria fomento de desenvolvimento e produção de sistemas e subsistemas dos artefatos espaciais; e não haveria necessidade de inventar PMM2 para socorrê-las. Aliás, um dos mais antigos institutos do DCTA é o IFI – Instituto de Fomento e Coordenação Industrial, que levou a cabo um dos mais bem sucedidos processos que culminou na criação da Embraer.

No mais, só resta falar dos salários: neste ano, não teremos campanha salarial, estamos engessados até 2015, por conta de um acordo espúrio imposto, pelo governo, às representações sindicais dos servidores.


Fonte: Jornal do SindCT - Edição 22ª - Abril de 2013

Comentário: É louvável que o jornal do SindCT como também o próprio sindicato venha periodicamente avisando a sociedade brasileira sobre a real situação do PEB como nesse editorial, e também através de artigos e entrevistas na mídia. Entretanto, e preciso que se entenda definitivamente a necessidade de se adotar uma abordagem mais agressiva, mais efetiva, com ações públicas não só do SindCT, mas também e principalmente de entidades como a ABC, SBPC, COMAER, SBF, entre outras, para que se tire esses energúmenos dessa situação de confortabilidade que se perpetua a décadas. Essa ideia de transformar o PEB em uma política de Estado vem desde o governo COLLOR de Melo, amplamente debatida e defendida em diversos fóruns e documentos setoriais gerados desde essa época, mas que nunca foi implantada, pois sempre se buscou o diálogo com quem tem como conduta a pele escorregadia da cultura política vigente nesse país. Essa gente só faz as coisas movidas por interesses políticos populistas, interesses escusos ou por medo da perda do poder. Assim sendo, sem manifestações públicas que venha atingir diretamente os interesses desses energúmenos da Presidência da República, do Congresso e do MPOG, estaremos caminhando a passos largos para mais uma década perdida no setor espacial.

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