Mais Uma Vez, Programa Espacial Brasileiro Não Decola

Olá leitor!

Segue abaixo um artigo postada ontem (04/12) no “Portal TERRA” destacando que mais uma vez o Programa Espacial Brasileiro não decolou em 2014.

Duda Falcão

ESPAÇO

Mais Uma Vez, Programa Espacial
Brasileiro Não Decola

Especialistas definem com "frustração" o momento do setor;
veículo lançador de satélites completará 30 anos sem sair do chão

Eduardo Herrmann
05 de dezembro de 2014

O Programa Espacial Brasileiro (PEB) encerrará 2014 da mesma forma como terminou 2013: com orçamento insuficiente, adiamentos de projetos, promessas para o futuro e nada do VLS, o veículo lançador de satélites que chegará aos 30 anos de idade sem sair do chão.

E para decolar, o PEB precisa de uma revisão estratégica ampla. Essa é a solução apontada por Aydano Carleial, presidente da Associação Aeroespacial Brasileira e ex-diretor do programa de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

“O Brasil avançou muito pouco, ou quase nada, em sua capacidade tecnológica e industrial do setor espacial desde o fim do século passado”, afirma Carleial, pós-graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Stanford, dos Estados Unidos. “Os projetos de engenharia espacial do governo em geral arrastam-se anos a fio sem perspectiva de conclusão com sucesso. Como não se reformou a organização do Estado para o setor nem se estabeleceu ainda uma nova estratégia com forte apoio político (permanece o marasmo), o momento atual do desenvolvimento espacial brasileiro é de frustração”.

Ele não é o único especialista a definir com “frustração” o momento do setor espacial brasileiro. E essa palavra ganha ainda mais força quando se compara a situação nacional com os demais BRICs (Rússia, Índia e China, países emergentes de maior destaque no cenário internacional). Desse grupo, o Brasil é o único que não conseguiu conquistas expressivas nessa área, que hoje não se encontra mais polarizada entre Estados Unidos e Rússia, como na Guerra Fria.

Depois que os russos, no período soviético, protagonizaram as primeiras grandes proezas espaciais, Índia e China também avançaram. A primeira lançou, no ano passado, uma sonda orbital que chegou a Marte em setembro - é a única nação a ter sucesso nesse tipo de missão na primeira tentativa. Os chineses, por sua vez, lançaram seu primeiro satélite em 1970 e, em 2003, tornaram-se o terceiro país a levar um homem ao espaço.

Já o Brasil, que criou o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais - que daria lugar ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) - em 1961, até hoje sequer conseguiu levar aos céus a tecnologia de seus próprios lançamentos.

Perspectivas

O principal motivo da inércia brasileira quanto à exploração espacial é o baixo investimento. Na Lei Orçamentária Anual de 2014, foi previsto o repasse de R$ 316 milhões para a Agência Espacial Brasileira (AEB). Dois anos antes, em 2012, a verba destinada era de R$ 360 milhões.

Para fins de comparação, o orçamento planejado para a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) para o biênio 2014-2015 é de quase R$ 3 bilhões. “Apesar do dinamismo e perseverança de nossos servidores, temos que considerar que a atividade espacial é uma atividade de alto risco, alto custo, longo tempo de desenvolvimento e completamente dependente de investimento governamental”, observa o presidente da AEB, José Raimundo Coelho.

Segundo ele, quando há uma redução na quantidade de recursos, são tomadas medidas como o adiantamento de compromissos assumidos e reavaliações no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).

Esse é um exemplo de situação que atravanca o desenvolvimento da pesquisa espacial brasileira. Edmilson de Jesus Costa Filho, doutor em Política Científica e Tecnológica pela Unicamp e analista de ciência e tecnologia, usa a agência espacial americana como exemplo de processo ideal. “Quando os Estados Unidos fazem uma contratação para a NASA, faz logo de 15 satélites. Assim você tem escala de produção, compras garantidas, sem corte de orçamento.”, diz.

Independência

Pode-se dizer que o atraso do programa espacial brasileiro se deve, em boa parte, à sua incapacidade de lançar seus próprios equipamentos ao espaço. Ultrapassar essa barreira e dominar a tecnologia de lançamento demanda muito investimento, mas, uma vez que o objetivo é alcançado, os demais projetos tornam-se mais econômicos.

O problema é que o Brasil enfrenta muita dificuldade para atingir essa meta. A primeira tentativa de voo do seu Veículo Lançador de Satélites, o VLS-1, ocorreu em 1997, quando foi necessário acionar o comando de autodestruição devido a uma falha na ignição. Nova falha aconteceu em 1999. Já em 2003, na terceira e última tentativa, uma ignição prematura fez o foguete explodir ainda na plataforma de lançamento, vitimando 21 profissionais.

“Após o acidente de 2003, todo projeto foi revisado com vistas ao aumento da segurança de operação e confiabilidade”, conta o presidente da AEB. Até hoje, desde o início do desenvolvimento do VLS, foram gastos R$ 417.657.574,91, segundo a agência, cujas estimativas para o futuro do lançador são postergadas ano a ano.


Fonte: Portal Terra - 05/12/2014 - http://noticias.terra.com.br/

Comentário: Pois é, e a mídia irresponsavelmente continua ano após ano colaborando com as fantasias do governo apresentando inverdades sobre o lançamento do VLS-1. Programa espacial se faz com atitude e resultados e não com fantasias e aqui no BLOG desde o final do ano passado informamos aos nossos leitores que o VLS-1 uma vez mais não seria lançado em 2014. Neste momento a possibilidade disto ocorrer novamente é muito grande e dependerá muito do apoio do desgoverno da “Ogra” e também da MECTRON, que precisa entregar as Redes Elétricas do VSISNAV em tempo hábil para que assim o VLS-1 VSISNAV possa efetivamente ser lançado em 2015. Gostaríamos de agradecer ao leitor Bernardino Silva pelo envio desse artigo.

Comentários

  1. Não decola e acho que nunca vai decolar! Nesse país só o que não presta vai pra frente e funciona. Infelizmente!

    Mas mudando de assunto, de programa espacial que não decola para programa que decola, alguém sabe se o CLA ou o CLBI participou do rastreio da nave Órion? Vi nos mapas da NASA durante a transmissão uma marcação no litoral norte do Brasil.

    ResponderExcluir
  2. O Dr. Carleial tem toda razão quando diz que a solução começa com uma reformulação estratégica. Redefinição de metas e objetivos bem com reestruturação institucional - a começar pela própria AEB. O governo Dilma foi péssimo para o PEB e,ao que tudo indica, nos próximos anos não será diferente. O maior problema atual é que os pioneiros e heróis do PEB estão se aposentando ou falecendo sem deixar sucessores à altura. A palavra FRUSTAÇÂO se aplica muito bem ao sentimento de todos.

    ResponderExcluir
  3. Esse artigo resume muito bem a realidade do PEB hoje. Ainda bem que essas avaliações foram feitas por especialistas da área.

    No entanto, essas avaliações são de pouca valia. Quem é que vai dar atenção a elas? Não se vê ninguém nas ruas fazendo manifestações, ou entrando em greve para tentar mudar os rumos erradíssimos que esse projeto tomou ao longo de tantos anos.

    O PNAE como um todo e o PEB por extensão, estão num emaranhado organizacional maltrapilho, que não consegue se entender. E nem tem a menor chance de se entender do jeito que está des"organizado" hoje.

    Então vou mais uma vez insistir aqui: enquanto o pessoal de DENTRO do PEB, não fizer algo para forçar uma mudança de política de estado em relação ao assunto e de cunho administrativo organizacional, vai continuar isso aí. Cada um puxando pro seu lado sem chegar a lugar nenhum, como um monte de caranguejos amarrados.

    É simples assim: sem mudar as coisas de forma contundente, é isso que nos resta: lamentar, lamentar e lamentar...

    ResponderExcluir
  4. Façam uma auditoria e verão que tem muita gente se dando bem neste teatro de faz de conta! Não basta mudar a programa, é preciso eliminar os Paulos (Paulo Roberto Costa)!

    ResponderExcluir

Postar um comentário